

A pedido do leitor Valentim Mendes, irei sintetizar algumas das características da Nissan Navara e da Mitsubishi Strakar, bem como assinalar as suas principais diferenças e impressões de condução. Das duas a Navara é a que apresenta características mais vocacionadas para o asfalto, devido sobretudo ao potente motor de 174cv, com 403nm de binário logo às 2000rpm. Contudo, a diferença de potência é atenuada pelas dimensões e peso da Navara face à rival, que na condução do dia a dia consegue acompanhar de perto. Os 136cv da Mitsubishi estão muito bem aproveitados e ao contrário do que os números deixariam antever, acaba por se revelar uma boa surpresa. A potência superior da Nissan só se manifesta mais em auto-estrada, onde a Mitsubishi começa a perder o fôlego (sobretudo a partir das 3000rpm, parecendo que tem “asma”), acabando por deixar a Navara ir embora. O aspecto menos positivo da Strakar é a sua a direcção, mostrando-se pouco precisa e algo "vaga", informando mal o condutor. A Navara em traçados sinuosos é sempre mais divertida. Contudo, a Strakar tem um grande trunfo na manga: é a única pick-up a dispôr de ESP (como opção), o que favorece a segurança, sobretudo com o piso molhado (pode ser desligado caso o condutor prefira).
Para além disso, quando passamos para o fora de estrada os papéis invertem-se: As dimensões exageradas da Navara (5200mm de comprimento!) acabam por penalizar as aptidões de todo-o-terreno, como comprovam os ângulos: 29º (ataque), 22º (saída) e 18º (ventral). Quando comparados com a Strakar vêem-se claras diferenças: 33,4º (ataque), 27,2º (saída) e 26,7º (ventral – valor medido sem estribos laterais). Para além disso, o elevado curso da suspensão, o sistema de tracção
Super Select (com bloqueio do diferencial central) e o ESP associado a um controlo de tracção, permitem sempre grande tracção em todo o género de situações. Areias bastante “soltas” ou grandes "lamaçais", acarretam algumas dificuldades para a Nissan. Ela passa, mas a Strakar consegue sempre fazer melhor, mostrando que é realmente um todo terreno puro e duro, chegando a sítios onde outros modelos não ousam aventurar-se. O ESP e o controlo de tracção fazem realmente milagres, tornando-se uma opção quase obrigatória para o futuro comprador desta
pick-up (existem três níveis no modelo de cabine dupla –
Invite,
Intense e
Style – o ESP está disponível nos dois últimos, valendo bem o preço que se dá a mais).
Pondo de lado os critérios estéticos (pois são muito subjectiveis e cabem ao gosto de cada um), o modelo que me parece mais equilibrado é a Strakar. Tem um interior agradável, é bastante competente na estrada e imbatível fora dela. Dispõe ainda que um nível de equipamento expressivo, bem como algumas soluções curiosas (por exemplo o óculo traseiro com abertura eléctrica, permitindo aceder à caixa sem precisar de sair da viatura). A Navara por seu lado é realmente uma estradista, mas o tamanho que a aproxima de uma
pick-up americana, prejudica-a na maioria das vezes. Para além disso não dispõe de ESP, um auxiliar precioso nos dias que correm.
O caro leitor manifestou algum interesse pelas performances, mas convém salientar que mais tarde a Mitsubishi irá disponibilizar um “kit” de potência que permitirá passar dos actuais 136cv para uns mais expressivos 160cv. Contudo, aconselho uma visita ao
Stand de cada marca, pois um
test drive será sempre mais esclarecedor, de forma a verificar qual o veículo que mais se adequa àquilo que procura.