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quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Toyota Avensis 2.0 MMAT



Devido ao aumento do preço dos combustíveis e às oscilações económicas, os motores diesel predominam. Graças à sua maior procura por parte do consumidor, os construtores têm realizado uma corrida desenfreada para melhorar este género de motores e apresentar as suas melhores propostas. Cada vez mais silenciosos e potentes, tornam a vida difícil para os seus “irmãos” a gasolina, pelo menos no mercado europeu. Contudo, o facto é que estes últimos não estagnaram e apresentam também uma série de inovações, que os permitem ser mais económicos, suaves e potentes, do que o eram há bem pouco tempo atrás. Para além disso, um bom motor a gasolina consegue ser mais linear na entrega de potência e abrange um leque de rotações mais amplo, evitando os ataques de “asma” dos motores diesel a altas rotações. Por essa razão testámos o Toyota Avensis, na sua versão de topo, o 2.0 MMAT, disponível com o nível de equipamento Sol High Pack.

Linha atractiva

Apesar do início de carreira em 2003, o Avensis continua bastante apelativo. As linhas arredondadas disfarçam o seu verdadeiro tamanho, nada menos que 4630mm de comprimento e a elevada linha de cintura da carroçaria atribui um aspecto robusto e musculado. A parte menos conseguida, na nossa opinião, é a traseira, com um estilo demasiado clássico, apesar dos faróis apresentarem um design futurista, situação que cria uma espécie de paradoxo. Nada de grave, pois o convívio com o carro levou a uma opinião mais favorável. Para além disso, a cor “cinza prata” da unidade ensaiada, favorece ainda mais o Avensis.

Interior e equipamento

Ao entrar deparamo-nos com um interior extremamente amplo, elegante e bem construído. O tablier dispõe de bons materiais, bastante suaves ao toque, a montagem está longe de criticas e as aplicações de madeira e a consola central com aplicações a imitar carbono, dão um toque requintado. Espaços de arrumação proliferam um pouco por todo o lado, bem como os porta copos, bastante úteis em viagens. O único nível de equipamento disponível nesta versão é o High Pack, bastante generoso e expressivo. Como descrever todos os itens seria demasiado extensivo, nomeamos apenas os de maior relevância: Painel de instrumentos com iluminação optitron, rádio leitor de cassetes e Cd’s integrado com 8 altifalantes, comando do sistema áudio no volante e por voz, ar condicionado automático com regulação independente para condutor e passageiro, cruise control, faróis de xénon, sensores de estacionamento traseiros, abertura da bagageira eléctrica (com possibilidade de abrir a partir do comando à distância), espelho retrovisor interior anti-encadeamento automático, espelhos exteriores eléctricos com aquecimento e retrácteis electricamente, mostrador multi-informações, sensor de chuva, entre outros. A nível de segurança, para além dos tradicionais airbags frontais e laterais, destaque para os de cortina e para os destinados aos joelhos e zona inferior das pernas. Mas como prevenir é melhor do que remediar, as ajudas electrónicas à condução lá estão para garantir a segurança, tais como o controlo de tracção (TRC), o sistema de assistência à travagem e distribuição electrónica (BAS e EBD) e por fim, o controlo de estabilidade (VSC).

Uma breve passagem pelo manual de instruções deixa-nos estupefactos: Tem a largura de um livro de história de Portugal, contando ainda com um prefácio! Boa sorte para aqueles que o quiserem ler…

Suave e confortável

Mas afinal como se comporta tudo isto na prática? As portas emitem um som “abafado” cada vez que são fechadas, dando um indício de robustez e qualidade. O posto de condução é bastante fácil de encontrar e está próximo da perfeição. Em movimento é possível apreciar o elevado conforto de marcha, proporcionado pela suavidade da suspensão e a ausência de ruídos parasitas e aerodinâmicos. Contudo, o que mais impressionou foi o espaço nos lugares traseiros. Passado um pouco, aproveitei o facto de o meu colega passar ao volante, para me refastelar nos bancos de trás. Mesmo com o banco da frente todo recuado, continuava a ter imenso espaço para as pernas. É certo que tenho apenas 1,70m de altura, mas o espaço é tal, que mesmo indivíduos mais abonados, podem viajar confortavelmente. O mesmo se pode dizer em relação à cabeça, pois a elevada altura do tejadilho dá uma sensação de espaço surpreendente. E não se pense com isto, que os técnicos da Toyota, roubaram espaço à bagageira! O Avensis bem pode ser utilizado pela máfia, pois é perfeitamente possível levar dois cadáveres nos 520 litros de capacidade. Apenas o acesso é que merece criticas, pois a elevada linha do pára-choques, dificulta um pouco as cargas e descargas.

Comportamento dinâmico

Já vimos algumas características que o Avensis possui, mas vamos agora ao motivo principal deste ensaio, o motor. Trata-se de um 2.0 com injecção directa (MMAT) e sistema variável da abertura das válvulas, designado VVT-I. Uma vez ligado, nem parece estar em marcha, tal a suavidade e correcta insonorização. Dispõe de 147 cavalos de potência às 5700 rpm e um binário máximo de 196 Nm às 4000 rpm. Na primeira aceleração é possível verificar duas coisas: é um motor “pontudo”, isto é, necessita de atingir elevadas rotações para mostrar o seu real valor e o peso do conjunto é demasiado elevado. Ele progride com facilidade, mas nota-se sempre alguma inércia provocada pelo peso do carro, principalmente nas recuperações de velocidade. Mesmo assim, não decepciona, sendo possível realizar uma condução “despachada”, associado a um comportamento salutar do carro em curva e a uma dianteira bastante incisiva, graças principalmente à suspensão tipo Macpherson com barra estabilizadora. Mesmo quando muito provocado, a serenidade reina a bordo. Devido à injecção directa, os consumos são aceitáveis, tendo em conta que se trata de um 2000cc a gasolina e o peso do automóvel, com um consumo combinado perto da casa dos 9 litros aos 100km’s.

Veredicto: É um automóvel extremamente confortável, espaçoso e bem construído. Não é um carro com ambições desportivas, preferindo uma condução calma e descontraída. Quanto ao motor, muitos poderão argumentar que tem falta da “força” a baixas rotações de um diesel ou os consumos mais comedidos, mas a verdade é que este bloco a gasolina conjuga-se perfeitamente com o perfil sereno do carro. É muito suave, mesmo quando é mais solicitado e permite toadas bastante descontraídas a velocidades elevadas em auto-estrada, o seu terreno de eleição.
Defeitos? Sinceramente não vemos nenhuns, excepto o comando por voz que controla o rádio e a imagem de marca. O primeiro porque as instruções apenas podem ser dadas em inglês ou alemão e basta o mínimo ruído para causar interferência. Inclusive o sotaque tem que ser realizado devidamente, tornando cada viagem numa aula prática de línguas… Até o próprio microfone colocado junto à luz de cortesia do tejadilho, dispõe de fraca capacidade de recepção, levando o condutor a “torcer” o pescoço e ter de falar quase directamente para o mesmo, situação muito desagradável, principalmente quando estamos a ser observados pelos restantes automobilistas, que colocam em duvida a nossa sanidade mental… Quanto à imagem de marca, porque infelizmente, numa conversa de café, dizer aos amigos que comprámos um Toyota não é propriamente o mesmo que dizer que se trata de um BMW, Audi ou Mercedes. Situação mais psicológica do que real, pois o Avensis é um verdadeiro topo de gama que nada teme os seus rivais germânicos.

Preço: 39 980 euros.