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terça-feira, novembro 15, 2005


É verdadeiramente impressionante a evolução que as vulgarmente designadas pick-up’s têm sofrido nestes últimos anos. Veículos nascidos para o trabalho, passaram actualmente, com as novas tendências de mercado, a aproximar-se mais do lazer.
Ainda me recordo da primeira vez que conduzi um veículo deste género, uma Toyota Hilux 2.4d (versão de 1995), com uma cabine simples de três lugares, há pouco mais de cinco anos atrás. Era o verdadeiro conceito puro e duro da pick-up tradicional, por vários motivos: Interior desagradável, fraca qualidade de construção e materiais, ausência de itens de conforto e uma suspensão que fazia criar “calos no rabo”. O motor para além de particularmente pouco potente (era uma unidade atmosférica), emitia um vigoroso “matraquear” desagradável que invadia o habitáculo, tornando qualquer conversa ou ouvir a música do rádio, um desafio. A suspensão, de “lâminas” na traseira, tinha como objectivo principal assegurar uma boa capacidade de carga, que se traduzia num constante saltitar em estradas lisas, assemelhando-se a um instrumento de tortura em qualquer piso mais irregular, tal a intensidade de oscilações incómodas provocadas no habitáculo. O sistema de travagem, com tambores atrás, também não era muito solícito, acrescendo as dificuldades na travagem sempre que levava bastante carga, sendo ainda pouco resistente à fadiga. O único sitio onde revelava eficácia era nos trilhos fora de estrada, onde os bons ângulos de ataque e saída, as redutoras e o reduzido peso do conjunto, levavam a fazer algumas acrobacias, sendo apenas de lamentar o facto de não possuir qualquer bloqueio do diferencial, deixando-nos “pendurados” sempre que duas rodas ficavam no ar (eu passei por uma situação caricata, mas que ficará para contar noutra altura). Em suma, era horrível! Detestei aquele género de veículos e apenas justificava a sua aquisição para aqueles que necessitavam para o trabalho.
A segunda pick-up com que travei contacto foi a Mitsubishi L200, já mais recente, versão de 2001. Fiquei espantado com os progressos feitos em veículos daquele género: o motor com 2500 centímetros cúbicos, associado a um turbo compressor, era enérgico a baixo regime, para além de os níveis de ruído terem baixado consideravelmente. A qualidades dos materiais de construção melhorou e já havia algum equipamento, como os vidros eléctricos à frente e atrás (cabine dupla), o fecho centralizado, ar condicionado, ABS, inclinómetro, etc. A suspensão apesar de apresentar ainda alguma rudeza em comparação a qualquer berlina, já não massacra tanto os passageiros e as capacidades de todo terreno foram ampliadas pela existência de um bloqueio do diferencial traseiro, para além de se poder seleccionar a tracção integral em andamento até aos 100 km/h. Apesar de ainda continuar a não gostar da condução, já conseguia associar a aquisição deste carro ao lazer.
Agora vejo-me confrontado com a nova geração da Mitsubishi L200. O design da carroçaria foi inspirada nos “Evo” de todo-terreno da marca, que têm assegurado inúmeras vitórias, entre elas no famoso Dakar. Sinceramente não gosto muito, mas esta é só uma questão de gosto, pois a estética é uma área muito subjectiva. Já quanto ao interior fiquei rendido, com um design futurista a agradável. O espaço melhorou, bem como o equipamento, contando agora com a presença do controlo electrónico de estabilidade (ESP), dispositivo que aumenta muito a segurança e facilita a condução. O motor continua a ser um 2.5l mas com novas soluções, como o common-rail, debitando 136cv e um binário máximo de 314 Nm logo às 2000 rpm, tornando a condução mais agradável sem a necessidade de se recorrer tanto à caixa de velocidades, para além de empurrar a L200 em qualquer encosta íngreme. A Mitsubishi apostou ainda no seu sistema de tracção Super-Select, com provas dadas noutros modelos da marca.
Agora vamos à parte mais difícil, o veredicto. Continuo a não ser grande adepto destes veículos, mas verdade seja dita, considero esta nova geração de pick-up’s muito mais civilizada, agradável de conduzir, prática e interessante, seja para o trabalho ou para uma faceta mais multifacetada, adequada aos novos ritmos de vida.