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quarta-feira, novembro 09, 2005

Porque razão se paga para entrar em equipas de F1

Um dos principais objectivos a que me propus quando criei este blog, foi de informar com clareza e objectividade, para além de seleccionar sempre as notícias que julgo serem úteis, atractivas e que despertem curiosidade. Com esse objectivo em mente, procuro sempre ler os comentários, de modo a verificar se estou a cumprir os objectivos. Por essa razão, agradeço a todos os que deixam o seu testemunho, pois é uma forma de feedback e não me importo até que os leitores coloquem críticas negativas e sugestões, de modo a poder melhorar a qualidade deste espaço.
Foi com alguma curiosidade que vi o comentário da Mikas sobre o post colocado anteriormente, acerca do Narain Karthikeyan, afirmando o seu desconhecimento sobre os elevados valores que alguns pilotos têm de pagar para ter um lugar na F1. Dúvida completamente compreensível e sobre a qual me sinto impelido a explicitar.
Com efeito, existem mais pilotos da NASA (National Aeronautics and Space Administration) do que pilotos de Fórmula 1! Como é possível adivinhar, a disputa entre pilotos para entrar naquela que é considerada a mais alta categoria do desporto automóvel é enorme. Para além disso, existe outra variável a ter em conta, ou seja, os elevados custos de desenvolvimento e manutenção de uma equipa nesta categoria. Algumas equipas mais pequenas passam a vida na “corda bamba” dependendo quase única e exclusivamente dos patrocínios. Não é à toa, que normalmente as equipas de fábrica, como a Renault, Ferrari, Honda, ou equipas com grande historial na disciplina como a McLaren (associada à Mercedes) ou a Williams (em conjunto com a BMW), são as que obtêm os melhores resultados, pois dispõem de recursos monetários quase “ilimitados”, podendo investir em colaboradores do mais alto nível, túneis de vento para desenvolver a aerodinâmica, fábricas que mais parecem ter saído de um livro de ficção científica (caso da McLaren com a espantosa MTC), enfim, despendem somas incalculáveis na investigação e desenvolvimento. Tendo isto em conta, não é pois de estranhar, que as pequenas equipas exijam aos candidatos avultadas somas monetárias. É precisamente aqui, que reside a maior polémica, pois a maioria dos pilotos que conseguem entrar na F1 são os que dispõem de um conjunto de características essenciais:
- Elevados patrocínios, ou apoio do Governo do respectivo país de origem;
- Um excelente manager (exemplo do actual campeão do Mundo, Fernando Alonso, cujo manager é Flávio Briatore, um dos responsáveis máximos da Renault F1);
- Um grande nome de família (como é o caso de alguns filhos ou familiares de campeões, cujo nome de família passa como um carimbo de qualidade...);
- Ser realmente um piloto excepcional, com um bom currículo e que dê garantias do seu potencial.
Certas vezes, pilotos com um elevado potencial são relegados para segundo plano, entrando em seu lugar pilotos, não digo maus, porque qualquer piloto que chegue à F1 é sempre um excelente condutor, mas com menor qualidade, mas que possuem apoios financeiros gigantescos. Um exemplo desse tipo de situação é o português Pedro Lamy, que na realidade é um piloto altamente competitivo, que conta no seu palmarés com a vitória do campeonato alemão V8 Star, uma vitória nas 24 horas de Nurburgring (considerada por alguns, como a prova mais difícil do mundo), campeão mundial de GT, na categoria GT2, entre um número infindável de vitórias memoráveis e que entre 1993 e 1996 não conseguiu ter resultados de relevo na F1 e foi obrigado a abandonar. Agora pergunto eu? Seria por falta de capacidade a nível da pilotagem ou a nível financeiro? De facto, P. Lamy teve que entrar numa das piores equipas do plantel, a Minardi, dispondo de um carro que se revelava muito difícil de controlar nos limites, associado a motores pouco potentes, que o faziam perder inúmeros segundos por volta face aos restantes adversários e que numa disciplina como esta, são uma eternidade. O apoio financeiro não foi suficiente para o catapultar para outra equipa mais promissora e como os resultados não se verificavam, acabou por sair da categoria.
Mas atenção! Lá porque alguns pilotos têm de pagar para entrar, não significa que não recebam dinheiro pelo seu salário, dependendo também dos seus resultados. Para além disso, esta situação acontece basicamente, tal como referi anteriormente, nas pequenas equipas, pois a Toyota, Renault, Maclaren, etc, não recebem nada dos pilotos e antes pelo contrário, pagam, e bem, chegando ao cúmulo da Ferrari que paga a Michael Schumacher, o piloto mais bem pago da F1, qualquer coisa como 40 milhões de euros por temporada, sem contar com publicidade, patrocínios...
Tudo isto para mostrar que a F1, tal como acontece nos grandes desportos mediáticos, é acima de tudo, uma indústria milionária e onde muitas vezes sobrevivem não só os mais aptos, como também os que têm a bolsa mais recheada ou os contactos que ajudam a contornar obstáculos.
Esperemos que o Português Tiago Monteiro consiga escapar a esta “rede” complexa e que graças aos excelentes resultados revelados este ano, consiga garantir o seu lugar na Midland e na F1.

2 Comments:

  • É inacreditável.... Todos nós sabemos o risco que esses pilotos correm... ainda me lembro da morte de Ayrton Senna...é preciso tanto dinheiro para enfrentar a morte todos os dias??

    By Blogger Patricia, at 10/11/05 11:06  

  • Será que todos os dias quando circulamos nas estradas não corremos os mesmos riscos? A segurança no automobilismo tem dado "passos de gigante", especialmente na F1. Células de sobrevivência cada vez mais resistentes, àreas deformáveis para dissipar a energia emitida do impacto, fatos e capacetes de elevada resistência ou ainda o novo sistema HANS, que protege de danos no pescoço e na coluna, são algumas dessas evoluções. Há quanto tempo é que não há um acidente mortal na F1?
    Existem riscos, como em tudo na vida.

    By Blogger Eder Sousa, at 10/11/05 13:39  

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