Mercedes Classe R
O conceito de automóvel tem sofrido profundas alterações. Numa época em que se verifica um ritmo de vida alucinante, onde o lazer assume principal destaque e os indivíduos procuram acima de tudo a diferenciação, os construtores automóveis têm sabido adaptar-se às novas exigências de mercado, entrando em sectores e nichos de mercado, nunca antes abordados. Vejamos o exemplo da Renault, que nos anos 80 surgiu com o monovolume Espace. Este conceito, motivo de troça na altura por parte dos construtores mais conservadores, revelou ser a fórmula acertada, não existindo hoje em dia, nenhum fabricante que se preze, que não tenha um monovolume na sua gama. Mais recentemente temos o caso dos SUV (Sport Utility Vehycle), que conjugam características de uma carrinha com as de um todo-o-terreno, conciliando ainda em alguns casos características desportivas. Agora chegou a vez da Mercedes criar mais um desses nichos de mercado, com o novo Classe R, definido pela própria marca como um Grand Sports Tourer. Digamos que é um misto de berlina desportiva, carrinha, monovolume e SUV, tudo ao mesmo tempo. As primeiras fotos oficiais não favorecem este novo veículo. Na minha opinião, não considero o Classe R muito atraente, mas isto é como as mulheres, não podemos avaliar pela primeira impressão... De facto a tecnologia empregue é surpreendente. Dispõe do novo sistema de tracção integral permanente da Mercedes (4ETS), conjugado com uma caixa de 7 velocidades (com tanta mudança, mais parece um bicicleta de montanha). A suspensão é do tipo McPherson com triângulos sobrepostos na frente e fourlink na traseira, com o intuito de conjugar o conforto e a estabilidade. Existe ainda como opcional a suspensão pneumática com regulação dos graus de amortecimento e da altura.
Mais interessante é o facto de dispor de 6 lugares individuais, disponíveis em três filas de bancos, e não se pense que, tal como outras propostas disponíveis no mercado, os últimos lugares são acanhados, nada disso, apresentam um espaço idêntico aos da frente, para além de ainda existir um espaço razoável na mala. Existem duas opções de carroçaria, uma “curta” com uns impressionantes 4922mm de comprimento (é mais comprida que uma PickUp de Cabine Dupla) e uma mais longa, assemelhando-se a um “comboio” com os seus 5157mm, destinada aqueles que necessitem de mais espaço.
Previsto para meados de Fevereiro de 2006, o Classe R surgirá com três motorizações: O 350 (6 cilindros em V, 3550cc e 272 cv), o 500 (8 cilindros em V, 4966cc e 306 cv), e um motor diesel, certamente mais atraente para o território nacional, o 320 CDI (6 cilindros em V, 2987cc e 224 cv). Este último, realiza dos 0 aos 100 km/h em 8,7 segundos e atinge uma velocidade máxima de 222 km/h, estando previsto por um preço na ordem dos 76 000 euros.
Para mais tarde virá uma versão designada R63 AMG, com o motor V8 atmosférico mais potente em comercialização do Mundo, com 510cv. De facto não consigo descortinar o que passou na mente dos técnicos da Mercedes, quando decidiram criar esta versão. Deve ser interessante ver um responsável pai de família, numa estrada de montanha, ao volante do seu Classe R AMG, com a mulher, os seus dois filhos e os sogros, a “saltar” de curva em curva, com a família a alternar expressões de felicidade, horror e pânico. Eu próprio já me consigo imaginar a conduzir este carro, com os meus amigos desde Faro até Lisboa, onde os únicos momentos de alívio dos passageiros serão durante as inúmeras paragens nos postos de abastecimento, que este motor obrigará com frequência.
Veredicto: de facto é um automóvel sensacional. Consegue conjugar algum prazer de condução, com o espaço de um monovolume, para além de dispor de tracção integral. Contudo, no meu ponto de vista, prefiro um bom carro do que três ou quatro medíocres. É que um veículo com estas características de tamanho e peso, nunca conseguirá ter a prestação de um verdadeiro desportivo. Económico também não o será de certeza, para além de o preço base ser demasiado elevado (há ainda que ter em conta que se trata de um Mercedes, cujo preço dos opcionais é exorbitante). Para além disso, a reduzida altura ao solo apenas permitirá circular em alguns estradões de terra e pouco mais. Em suma, apenas conta com o espaço como ponto a favor, para além de dispor de bons motores. Será interessante observar o comportamento dos consumidores, quando o Mercedes Classe R chegar ao mercado, onde poderemos confirmar se o conceito pega.
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